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Parto: Informe-se e escolha o melhor para você e o seu filho.

  • Foto do escritor: Rafaela Garcia
    Rafaela Garcia
  • 21 de fev. de 2023
  • 8 min de leitura

Atualizado: 25 de out. de 2024

Parto Natural, Parto Normal ou Parto Cesárea? Entenda como é, as vantagens, desvantagens e riscos envolvidos de cada via de parto.


O nascimento de um bebê é um momento muito esperado e desejado por muitos casais, mas também pode ser uma fonte de ansiedade e incertezas. A informação, quando originada de uma fonte segura, é importante para o entendimento de todas as fases da gravidez e, consequentemente, é uma forma de diminuir esses sentimentos angustiantes.


Neste artigo vou falar sobre o parto. Quero mostrar para vocês as opções de parto e as possíveis vantagens e desvantagens de cada uma delas. Não tenho a intenção de dizer qual forma de parto é melhor para você e, tão pouco, influenciar na sua escolha. O meu objetivo aqui é apresentar evidências científicas confiáveis para que você escolha a forma de parto que for melhor para você e o seu bebê. Lembre-se, a escolha é sua.


PARTO NORMAL / NATURAL


O parto normal e o natural são uma forma de dar à luz que ocorre quando o bebê é expulso naturalmente do útero através da vagina. É considerado o método mais natural e fisiológico de parto. Durante o parto normal, a mãe pode andar, mudar de posição e usar técnicas de respiração para ajudar na dor e no processo de nascimento. A diferença básica entre o parto normal e o natural é que este último é caracterizado pela ausência de intervenções farmacológicas (analgesia/anestesia) como forma de alívio da dor e, em alguns casos, a mãe escolhe ter o bebê em ambiente não hospitalar (em casa, por exemplo), sem intervenções médicas.


Vantagens do Parto Normal e Parto Natural:

  • Recuperação mais rápida: O parto normal/natural geralmente requer menos tempo de internação hospitalar e a recuperação pós-parto é mais rápida. A vagina tem grande capacidade de recuperação. Em geral, as mulheres que tiveram um parto vaginal normal podem retornar às atividades diárias em um período que varia entre 1 e 2 semanas após o parto, com a melhora gradativa das dores, incômodos e desconfortos perineais.

  • Menor risco de complicações: As mulheres que passam por um parto normal têm menos chance de complicações durante e após o parto.

  • Melhor para o bebê: O parto normal estimula a liberação de hormônios que ajudam na respiração do bebê e na transição para o mundo exterior.

  • No caso do Parto Natural, maior satisfação da mãe: As mulheres que passam por um parto natural relatam maior satisfação com a experiência do que as mulheres que passam por um parto com intervenções médicas.


Desvantagens do Parto Normal:

  • Dor intensa: O parto normal pode ser bastante doloroso e exigir uma grande dose de coragem e força da mãe.

  • Risco de laceração e hemorragia: Algumas mulheres podem sofrer lacerações ou hemorragias durante o parto normal.

  • Falta de controle: O parto normal é um processo imprevisível e a mãe não tem controle sobre o dia do nascimento do bebê.

  • No caso do parto natural, possibilidade de intervenções emergenciais: Quando a mãe escolhe parir fora do ambiente hospitalar, em casos raros, um parto natural pode exigir intervenções médicas para salvar a vida da mãe ou do bebê. Não estando dentro do hospital pode ser demorado o deslocamento e assim, colocar em risco a vida da mãe e do bebê.

PARTO CESÁREA


A cesariana é um procedimento cirúrgico de grande porte que envolve a realização de uma incisão no abdômen e no útero da mãe para retirada do bebê. Esse tipo de parto pode ser programado (eletiva) ou emergencial, dependendo da necessidade e indicação médica. As indicações mais comuns para cesariana incluem situações de risco para a mãe ou o bebê, sofrimento fetal, entre outras. No entanto, em muitos casos, a cesariana é realizada por escolha da mãe, sem necessidade clínica (e está tudo bem!).


Durante a cesariana, a mãe é anestesiada e a incisão é realizada na região abdominal. Em seguida, o médico faz uma incisão no útero para retirar o bebê. Após a retirada do bebê, a placenta é removida e os órgãos são suturados (organizados). A cesariana é, geralmente, considerada um procedimento seguro, no entanto, é uma cirurgia de grande porte que pode ter complicações, como infecções, sangramento excessivo (hemorragia), lesão de órgãos, entre outras.


Vantagens da Cesariana:
  • Controle sobre o momento do parto: A cesariana planejada permite que a mãe e o médico escolham o momento mais conveniente para o nascimento do bebê.

  • Controle da dor: A cesariana é realizada sob anestesia geral ou regional, o que reduz a dor e o desconforto da mãe.

  • Não há risco de lacerações: A cesariana elimina o risco de lacerações pois a via de parto não é vaginal.

Desvantagens da Cesariana:
  • Maior tempo de recuperação: A cesariana requer um período de recuperação mais longo do que o parto normal. Por ser um procedimento cirúrgico, pode levar algumas semanas ou até mesmo meses para que a mulher se sinta completamente recuperada. A cirurgia abdominal, em si, exige cuidados especiais e pode resultar em dor e desconforto, além de atrasar a retomada das atividades cotidianas. De um modo geral, recomenda-se um repouso de pelo menos 6 semanas, sem esforços físicos ou levantamento de peso, para que o corpo da mulher possa se recuperar adequadamente da cirurgia e retomar suas atividades de forma segura.

  • Maior risco de complicações: A cesariana apresenta um risco maior de complicações, como infecções e hemorragias.

  • Maior risco para o bebê: A cesariana pode levar a uma maior taxa de complicações respiratórias e dificuldades de amamentação para o bebê.


PARTO NORMAL X PARTO CESÁREA


Para facilitar o entendimento, com base em estudos e pesquisas científicas recentes, aqui está uma tabela comparativa entre o parto normal e a cesariana, incluindo a magnitude das diferenças de risco:

​PARTO NORMAL

PARTO CESÁREA

Risco de infecção pós-parto

1,8%

5,5% (+3,7%)

Risco de hemorragia

4,4%

6,4% (+2,0%)

Risco de laceração perineal

60-70%

N/A

Tempo de recuperação

Mais rápido

Mais longo

Risco de complicações respiratórias para o bebê

Menor

Maior (+120%)

Risco de necessidade de UTI neonatal

Menor

Maior (+55%)

Risco de problemas de amamentação

Menor

Maior (+90%)

Para a apresentação destes dados foram avaliados os riscos e benefícios do parto normal versus cesárea com base em dados de vários estudos epidemiológicos realizados em diferentes partes do mundo. A análise dos dados permitiu estimar as diferenças relativas de risco de várias complicações obstétricas em mulheres que optaram por cesárea em comparação com aquelas que escolheram o parto normal. A magnitude das diferenças de risco apresentada na tabela acima é baseada em uma meta-análise de estudos publicados na revista científica The Lancet em 2018.


LACERAÇÃO PERINEAL: ENTENDA E SAIBA COMO AMENIZAR O RISCO


A laceração perineal é uma lesão que pode ocorrer durante o parto normal, especialmente na primeira vez que a mulher dá à luz. A área perineal é composta pelos músculos e tecidos que se estendem da vulva ao ânus e pode sofrer diferentes graus de lacerações durante o parto, dependendo do tamanho do bebê, posição da cabeça, tempo de expulsão, e outros fatores.


Se você pretende escolher o parto normal ou natural, saiba que, embora a laceração perineal seja comum durante o parto vaginal, algumas mulheres podem não ter. Existem algumas técnicas que podem ajudar a reduzir o risco de laceração e minimizar a gravidade da lesão. Vale a pena entender um pouco sobre estes métodos e coloca-los em prática:

  • Massagem perineal: a massagem perineal envolve a manipulação manual dos tecidos da área perineal, com o objetivo de torná-los mais elásticos e flexíveis para a passagem do bebê durante o parto. A massagem pode ser feita pela própria mulher ou por seu parceiro, a partir da 34ª semana de gestação, normalmente é recomendado realizar a massagem 2 vezes na semana. Um estudo de 2018 publicado no Journal of Obstetrics and Gynaecology Canada mostrou que a massagem perineal reduziu significativamente o risco de laceração perineal de terceiro ou quarto grau, bem como a necessidade de episiotomia.

  • Posição de parto: a posição em que a mulher dá à luz também pode afetar o risco de laceração perineal. As posições verticalizadas facilitam a descida do bebê e a movimentação pélvica, permitindo uma melhor passagem do bebê. Um estudo de 2017 publicado no American Journal of Obstetrics and Gynecology mostrou que as mulheres que deram à luz em posição vertical tiveram menos probabilidade de ter uma laceração perineal grave do que aquelas que deram à luz em posição horizontal.

  • Fisioterapia pélvica: é uma especialidade que trabalha com o fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico, que são responsáveis por sustentar os órgãos da pelve, controlar a micção e as fezes e ajudar a preparar o corpo para o parto. Ela pode ajudar a prevenir a laceração perineal de diferentes maneiras. Uma delas é através do fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico, que aumenta a sua resistência e elasticidade, tornando-os mais capazes de suportar a pressão do bebê durante a passagem pelo canal de parto. A fisioterapia pélvica também pode ajudar a melhorar a consciência corporal da mulher, ensinando técnicas de respiração, relaxamento e alongamento que podem ser úteis durante o trabalho de parto e no momento da expulsão.

  • Epi-no: O Epi-no é um dispositivo que ajuda a preparar a musculatura do assoalho pélvico para o parto, através do seu uso regular a partir da 37ª semana de gestação. O dispositivo consiste em um balão de silicone que é inserido na vagina e inflado gradualmente, ajudando a alongar e relaxar a musculatura do assoalho pélvico. Estudos têm mostrado que o uso do Epi-no pode reduzir o risco de laceração perineal e episiotomia durante o parto vaginal, embora seja necessário mais pesquisas para confirmar esses resultados.

É importante ressaltar que a fisioterapia pélvica e o uso do Epi-no devem ser realizados com acompanhamento e orientação de um profissional de saúde especializado, como um fisioterapeuta, para evitar danos à musculatura e lesões. Cada mulher tem um corpo único e o uso de técnicas específicas para a prevenção de laceração perineal deve ser avaliado caso a caso, levando em consideração a saúde da mãe e do bebê, histórico de partos anteriores, entre outros fatores.


CONCLUSÃO:


Cada parto é único e imprevisível. Os dados e informações apresentadas aqui são uma média e cada mulher pode ter uma experiência diferente. A escolha entre o parto normal, o parto natural e a cesariana deve ser feita em conjunto com o médico, levando em consideração as condições da mãe e do bebê. Apesar de todas as opções terem suas vantagens e desvantagens, estudos têm mostrado que o parto normal é a opção mais segura e saudável para a maioria das mulheres e bebês. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a taxa de cesarianas não deve ultrapassar 15% dos partos, já que a realização desnecessária de cesáreas pode trazer mais riscos do que benefícios.


Em posse destas informações, você deve balancear, junto com seu médico, os riscos e benefícios que são importantes para você e, somente assim, escolher a via de parto ideal para o seu caso. Já escolheu a sua via de parto? Qual foi a escolhida?


E se você quer obter essa e muitas outras informações importantes sobre gestação, se manter ativa, saudável e sem dores durante este período tão importante da sua vida, conheça o Gravidez em Movimento. Vale a pena investir em você e no seu bebê, se cuide: https://curso.gravidezemmovimento.com.br/ 


Referências:

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